domingo, 13 de setembro de 2009

Juventude do PT: a hora é agora!

"Eu acredito é na rapaziada,

Que segue em frente e segura o rojão.

Eu ponho fé é na fé da moçada,

Que não foge da fera e enfrenta o leão.

Eu vou à luta com essa juventude,

Que não corre da raia a troco de nada."

(Gonzaguinha, "E vamos à luta").

Introdução

O Partido dos Trabalhadores conta com uma ampla participação de jovens em seu interior, muitos destes militando diretamente no setorial de juventude e outros tantos atuando em diversos setoriais ou diretamente nos diretórios municipais.

No entanto, apesar do número de jovens atuantes no PT ser bastante significativo, ele não é capaz de atingir o conjunto de nossos filiados jovens, isso porque o PT ainda não possui uma estrutura de setorial de juventude que consiga dialogar com todos eles, bem como com a juventude brasileira em geral. Hoje, o número de filiados/as jovens, com idade até 29 anos, é de aproximadamente 280 mil.

Por isso, se faz necessário que o partido invista e priorize um projeto que consiga alcançar uma juventude de massa, que dialogue com a sociedade e que, principalmente, seja uma clara expressão dos movimentos sociais, incorporando suas bandeiras de lutas e que recupere sua intervenção no movimento estudantil, bem como nos demais movimentos sociais.

Quando no nascimento do PT, a participação dos jovens com função de direção era muito vasta, sobretudo porque o PT se constituía como símbolo organizado dos sonhos e esperanças da juventude brasileira e de todos os perseguidos pela repressão militar. É preciso compreender que a luta e a resistência contra a ditadura era o centro do debate no momento, e parte expressiva das lideranças eram oriundas do movimento estudantil. Isso, provavelmente, explique o porquê do PT não ter tido como uma de suas prioridades, até então, a questão juvenil. Agora, passados 27 anos da sua fundação, o debate sobre juventude é mais intenso, por isso é preciso que o PT compreenda as mudanças dos perfis de sua juventude e as diferenças entre os jovens que se aproximavam do PT nos anos 80 e os que nos vêem hoje, principalmente após o envelhecimento das nossas principais lideranças, as experiências em governos, as crises, os acertos e os desacertos.

Pensar numa forma de organização de jovens que possibilite a formação de um movimento de massas na juventude possibilitará ao PT o reconhecimento como o partido com maior referência na juventude, sobretudo pelo seu compromisso com a adoção de políticas públicas para as juventudes e, principalmente, pelo compromisso com a transformação social.

A juventude deve ser entendida como peça fundamental para qualquer projeto que vise à transformação social. Porque os jovens são os que mais tem condições de contestar, questionar e transformar o presente, ou seja, é a ponte entre o tempo presente e o que queremos para o futuro. Mas para isso, as mudanças e a prioridade com relação a esse segmento têm que ser construídas agora, no hoje.

Nesse sentido, devemos também assimilar que a juventude não é de esquerda. Pois ser de esquerda ou não, é um processo cultural, político e na maioria das vezes econômico, que passam pelo processo de formação dos indivíduos, principalmente no período da juventude. E se, ao mesmo tempo, que essa construção histórica pode levar os jovens à rebeldia, à luta pelos direitos e interesses, também pode levá-lo ao marasmo, ao derrotismo e a um conservadorismo de novo tipo: agressivo e de aparência progressista, em alguns aspectos comportamentais, e individualista e neoliberal em sua concepção de mundo.

Por que um Congresso da Juventude do PT?

É fundamental a realização de um Congresso de Juventude para explicitar que, de fato, a juventude é entendida como um tema prioritário para o Partido dos Trabalhadores, para que seja reconhecida como sujeito das transformações sociais, é preciso que o conjunto da juventude e o partido em geral entendam que esse processo passa pelo reconhecimento de certa autonomia que entenda que ninguém sabe o que é melhor para a juventude do que nós jovens. É preciso garantir a ela papel de destaque permitindo liberdade de elaboração e formulação de acordo com sua realidade, para constituir uma nova forma de organização.

O III Congresso do PT e a Juventude

Tendo a compreensão da necessidade do investimento e a priorização da juventude do PT para o próximo período e sua constituição como juventude de massas, o III Congresso Nacional do PT deve ter como tarefa apontar que:

a) A organização e intervenção junto à juventude será prioridade política para o Partido dos Trabalhadores no próximo período.

b) Alteração estatutária do atual modelo de setorial. O PT, como partido de massas, deve criar uma organização da juventude petista em substituição ao atual modelo de setorial, que terá como função precípua dialogar com os jovens petistas, filiados ou simpatizantes, tornando-se a expressão publica do PT no setor juvenil. Devendo o Diretório Nacional acompanhar, politicamente, todas as suas atividades;

c) A participação nessa organização da juventude petista será restrita a jovens filiados ao PT, com idade entre 16 e 29 anos;

d) O 3º Congresso Nacional do PT aprova a convocação do I Congresso da Juventude Petista e determina que o Diretório Nacional elabore o seu regimento interno e normatize o seu funcionamento, devendo ser precedido de etapas municipais e estaduais. Em sua pauta, obrigatoriamente, dois pontos devem constar:

1. Concepção e funcionamento da organização da juventude petista;

2.Elaboração de um programa petista para juventude brasileira.

e) Determinar que o Diretório Nacional do PT fará reunião específica para analisar as deliberações do 1º Congresso da Juventude Petista, referendá-las ou não, e elaborar cronograma de implementação das decisões.

f) Os municipais e regionais devem ter a organização da juventude como prioridade. Para isso, devem realizar suas etapas correspondentes ao 1º Congresso da Juventude do PT.

g) Aprovar uma dotação orçamentária específica para juventude do orçamento nacional do Partido, que deve ser fiscalizada e acompanhada pelo Diretório Nacional.

Desafios do I Congresso da Juventude

O processo de debate sobre as questões do congresso e suas etapas ainda não esta iniciada, no entanto alguns temas relativos à forma de organização e estrutura precisam começar a ser debatido, abaixo segue alguns desafios do I Congresso da Juventude:

a) Elaborar um programa de atuação e planejamento para o próximo período que seja capaz de dialogar com a juventude brasileira, e orientar a atuação dos militantes petistas jovens nos diversos movimentos onde atuam;

b) Reformular a atual estrutura de juventude, construindo uma direção nacional ampla, com definições de funções entre os membros desta direção, assim como as direções estaduais e municipais;

c) Reduzir para dois anos o mandato dos membros das direções da juventude em seus diversos níveis com a finalidade de permitir maior rotatividade e renovação de quadros partidários;

d) Realizar eleições em período separados ao PED, permitindo aprofundar o debate sobre juventude;

e) Estabelecer um calendário de eleições das novas direções municipais, estaduais e nacional, de juventude, que devem ser eleitas posterior ao I Congresso Nacional de Juventude;

f) Pensar uma nova forma de eleição do setorial de juventude que possibilite um maior envolvimento dos militantes, permitindo a utilização de mecanismos das eleições diretas.

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